Entre os riscos de ser diferente e o horror de ser igual

Do outro lado do muro-Capítulo 1: Volta pra casa?


[...]
A rave era numa boate, tinha seguranças na porta e na fila.
_De menor não pode entrar sem autorização dos pais._ ele me parou.
_A autorização ta aqui_ entreguei a ele uma nota de cem e ele me deixou passar.
Lá dentro musica alta a ponto de estourar os ouvidos. E gente dançando. Eu não via nem um palmo a frente dos olhos até me acertar com aquelas luzes ligando e desligando na minha frente.
Parei no bar e pedi uma vodca com energético. Bebi muito rápido para sentir o gosto e pra conseguir ficar sóbria.
_Outra_ pedi.
O garçom serviu. Quando percebi meus sentidos já não obedeciam direito. Todo meu objetivo agora era simplesmente dançar e mais nada. E enquanto a vodca tomava toda a minha mente eu me lembrava de frases e imagens que tinham me incomodado naquela semana.
Tudo rodando e rodando pela minha cabeça como se eu estivesse dopada. E de repente eu me peguei caindo novamente montanha abaixo. O chão liso da pista de dança encontrou meu rosto e tudo começou a sumir.
Alguém me puxou do chão no golpe forte e ágil, abri os olhos e era um policial.
_Merda!_ foi só o que eu pude juntar antes dele jogar uma lanterna nos meus olhos.
_Essa aqui ta dopada comandante._ disse me sentando num dos bancos do bar.
O que colocaram na minha bebida? Perguntei-me tentando fazer meus sentidos voltarem ao lugar.
_Hei garota_ ele deu dois tapas leves no meu rosto_ O que você tomou?
_Vodca_ respondi enquanto minha visão voltava ao normal.
_Ta sentindo alguma coisa?_ perguntou.
_Só vontade de vomitar._ ele se afastou alguns centímetros.
_Sabe dizer onde é sua casa ainda?_ outro homem se aproximou e agora que minha visão estava limpa eu comecei a perceber mais alguns, como eu detidos, a maioria algemada.
_Sei_ respondi e logo depois meu estômago embrulhou e eu joguei toda a vodca pra fora, junto com seja lá o que for que estava misturado nela.
Levantei minha cabeça e o policial me olhava novamente com cara séria. Ri na minha febre meio bêbada.
_O senhor é tão sério._ disse, a vodca subiu outra vez.
_É eu sei garota, mas são apenas duas da tarde e você já está completamente bêbada e sabe-se lá mais o que você tomou._ ele me virou de costas e eu senti uma algema apertando meu pulso.
_Uhu!_ comemorei_ Nós vamos passear no carro da policia.
_É, vamos dar um passeio. Onde é sua casa?
_Bairro do planalto_ respondi.
_Rua?_ ele perguntou.
_Procura a casa do prefeito_ respondi.
_Sei, fala sério menina._ ele brigou comigo me levando para o lado de fora da boate. O sol bateu no meu rosto e me cegou um pouco.
_Bairro planalto, rua buritama, nº 1122_ e foi só o que consegui conceber que não fosse loucura de vodca.
Durante todo o caminho eu consegui ser a bêbada mais atrevida e chata de todos os tempos. Chamei o policial de gostoso, contei metade da minha vida para o sargento e quando o cara foi me tirar do carro eu dei um beijo nele, depois vomitei mais uma vez e vi minha mãe e meu pai saindo de casa.
_Guilherme, você se ferrou_ disse quando ele saiu ignorando meu pai e minha mãe_ Aquele cara é mais gostoso que você, vou casar com ele.
_Marcela onde que você estava? Seu pai estava quase mobilizando as forças armadas._ minha mãe disse olhando pra mim naquele estado com o olhar que eu odeio.
_Não olha assim pra mim._ gritei_ Quero que vocês todos vão pros quintos dos infernos, se tem um motivo pra eu estar assim à culpa é toda de vocês.
_Chega Marcela_ meu pai gritou mais alto que eu.
Comecei a chorar. Essa é a grande desvantagem da bebida, ela aguça tudo que você sente.
_Você não é meu pai, não é nada pra mim. Eu te odeio. Você só finge que sente alguma coisa, e que faz alguma coisa, mas você é só uma imagem de merda_ gritei novamente e chorei mais.
Guilherme me segurou pelos pulsos e eu tentei me soltar mas ele era mais forte.
_Me solta, eu não quero que você me toque._ briguei.
Ele me abraçou e começou a me rebocar esperneando feito uma criança pra dentro de casa.
_Vai se ferrar Guilherme! Eu também te odeio._ olhei para a empregada pasma comigo_ Vá pra merda você também_ disse a ela.
_Chega de espetáculo Marcela._ ele gritou comigo e me balançou me fazendo cair na realidade.
Meus olhos encheram d’água novamente.
_Eu quero voltar pra Suíça_ disse meio embolado quando ele me abraçou.
_Eu sei_ ele respondeu.
Meus passos começaram a trôpegar enquanto eu subia as escadas e Guilherme me seguia evitando duas ou três vezes que eu rolasse escada abaixo. Deitou-me na cama e me cobriu.
_Só dormindo pra esse efeito passar_ ele disse.
Enfiei a mão no bolso da calça e tirei o anel, eu tinha de falar de qualquer jeito.
_Guilherme_ chamei antes que ele saísse. _Eu aceito, pode falar com meu pai_ disse colocando o anel.
_Deixa isso pra quando você estiver sóbria tudo bem._ ele disse me dando um beijo na testa, saindo e fechando a porta.
Lá embaixo começou uma discussão entre meu pai e minha mãe, não consegui ouvir muito porque um desmaio me tomou, e seria melhor assim do que ouvir que eu era uma menina mimada que minha mãe não tinha me educado direito e tudo mais de merdas que eles iam falar. Pobre do Guilherme que ia escutar tudo aquilo.
[...]

16 Comments:

Karina Kate said...

Eu acho que isso tudo é uma grande loucura de um dia de porre. Um role furado! que era pra curtir só a vodka e acabou curtindo uma bala, um doce ou vai saber lá mais o quê.
Sem consciência, louca desse jeito, só tende a causar mesmo.. e ficar sem vergonha na cara! hahaha

Viviane Righi said...

A história é bem curiosa. Tomara que ela tenha um final feliz!

Inez said...

Tomara que tudo dê certo para a Marcela. Dificilmente alguma coisa dá certo quando e tenta fugir do problema usando a bebida para isso.

Luizichxos Downloads said...

Uma História bem interessante!
Parabéns pelo blog, eu nunca vi um blog desse tipo!

sidnei said...

Ah gostei muito bom!!
sucesso com blog!

http://seligainfo.blogspot.com/

Unknown said...

historia legal, blog muito bom

Antonoly Maia said...

O capítulo 1 está excelente, irei
aguardar pela continuação!

serena said...

ah marcela danada prendeu minha atenção, vamos esperar o próximo capitulo, não demora e me avisa heim.bj

Rodrigo said...

aguardando cenas do proximo capitulo

Anônimo said...

Acho difícil acompanhar o seu Blog, devido aos capítulos... já tive um Blog assim e excluí porque não deu muito certo... espero que obtenha mais sucesso do que eu nessa sua empreitada... valeu!

Unknown said...

Eu gostei do texto,apesar de achar que essa historia de capitulos funcione em livros e nao em blogs aonde a leitura e' legal se for curtinha e tals,mas boa sorte pra Marcela e que ela nao procure na bebida a salvacao para seus problemas ! :)

Beijos Meus...

P.s.: Rave em boate nao e' rave...e' farofa ! hahahaha

Diogo C. Scooby said...

Caraca que história! E você escreve muito bem meu! Surpresa agradável nessa noite calorenta de sábado.
Que cachaça...Sorte que Deus cuida dos bêbados e das crianças, senão a gente tava fudido.

Parabéns muié. O blog tá demais e curti muito esse lobo ai em cima.

Abraço;

Fábio Flora said...

O mais bacana é a verossimilhança dos diálogos. Eles não são fakes. Abraços e sucesso com o blog!

Marcus said...

Isso que é uma menina rebelde em! kkk

Grazii said...

Como você aprontou, chamar o policial de gostoso..
hehehehehe eu ri..
Mas pessoa bebeda faz cada besteira..
aguardarei a continuação..

Anônimo said...

sabe essa menina q escreveu essa história era um menina muito mais muito criativa,eu era uma das melhores amiga dela até ela tirar sua própia vida com um cadarço de tênis...(lágrimas)...sinto muita falta dela gostava dela por demais..SAUDADES ETERNAR FERNANDA AMIGA DO CORAÇÃO Q NUNKA ESQUECEREI!!!!!!!!!!!

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Eu acho, tu achas, ele acha