Entre os riscos de ser diferente e o horror de ser igual

Do outro lado do muro - Prólogo

    Enquanto tudo ainda rodava, enquanto minha visão ainda estava embaçada e enquanto o gosto de sangue se expandia cada vez mais pela minha boca eu procurava algo em que minha percepção pudesse se agarrar.
   Parecia que eu estava balançando mas na verdade era só a ambulância que me levava que corria bastante.
_Menina, _ alguém disse de modo calmo_ você se lembra de alguma coisa?
Olhei para o lado e vi Camila sentada com as mãos enfiadas nas mechas de cabelo. Ela me olhou de volta e fez que não com a cabeça.
_Quem bateu em você? Qual foi o motivo da surra?_ eu me lembrava mas sabia que não podia dizer a verdade.
_Foi..._ hesitei, eu sabia que devia denunciar mas isto acarretaria mais perguntas, perguntas as quais eu não poderia responder_ um assalto.
    Vi Camila respirar tranqüila e depois uma lágrima correr pelo seu rosto. Embora ela dissesse ser uma fraca manteiga derretida eu nunca a tinha visto chorar antes. Ao menos ela sabia que eu não poria tudo a perder e que nós teríamos mais alguns dias de paz no hospital para depois voltar a enfrentar tudo o que tínhamos enfrentado nessa ultima semana, novamente.
[...]

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